Na cidade da Matola, moradores expressaram seu luto e protesto vestindo roupas pretas, após a morte de 50 pessoas em confrontos recentes.
Hélio Mateus Cuna, residente local, contou à nossa reportagem que pediu à esposa para trocar uma camisa vermelha por uma preta, temendo represálias na estrada.
“Vesti-me de preto em respeito ao luto, porque vidas se foram a defender a nossa causa. É uma forma de garantir minha segurança nas ruas”, afirmou Cuna.
As vizinhas Helena Lopes Loforte e Judite Laura das Neves, também vestidas de preto, relataram que, nas primeiras horas do dia, os “modjeiros” estavam exigindo que os passageiros que não usassem roupas pretas descessem do transporte público. “Vesti roupa preta por medo do que poderia acontecer.
Estou com o povo e sinto pelas vidas que se foram, mas meu preto hoje foi pela minha segurança”, disse Helena.
Judite acrescentou que, na empresa onde trabalham, o supervisor questionou sobre o uso da cor e, ao meio-dia, todos fizeram uma oração em memória das vítimas.
“Foi bonito de ver, mas alguns colegas comentavam que o trabalho estava atrasado por conta de ‘infantilidades’”, destacou.
Durante uma viagem de Matola a Malhampsene, todos os passageiros, incluindo o cobrador e o motorista, estavam de preto. O cobrador, Luarte Simão Rungo, enfatizou a importância dessa escolha.
“Vestir preto é uma forma de mostrar solidariedade por aqueles que perderam a vida lutando por nossos direitos”, disse ele, prometendo continuar a usar a cor até novas ordens de Venâncio Mondlane.
Vale lembrar que Mondlane decretou três dias de luto nacional e pediu a recontagem dos votos, ao invés de novas eleições, em homenagem às vítimas dos recentes confrontos. Clique para continuar..